A História da Kombi

Já se perguntou como surgiu a Kombi ou como ela caiu no gosto dos brasileiros?

Túnel do tempo – A história da Kombi

Já se perguntou como surgiu a Kombi?

Como ela caiu no gosto dos Brasileiros?

Qual era ideia inicial de utilização dela?

O Início da Kombi:

Seu projeto começou a ser esboçado em Wolfsburg (cidade alemã conhecida como a sede da VW) logo após a 2a Guerra Mundial. A fábrica não estava totalmente restaurada dos muitos danos causados pelos bombardeiros.

Com a simpatia de um oficial britânico das forças de ocupação Major Ivan Hirst, do engenheiro alemão Alfred Haesner e com o holandês Ben Pon, nasceu a ideia de um automóvel revolucionário e eficaz, podendo ser considerado o primeiro minifurgão do mundo.

 

O Nome Kombi:

Em boa parte do mundo a Kombi é conhecida como: Transporter, Type 2 Combi.

O que poucos sabem é que o nome Kombi, foi um apelido brasileiro, uma redução do nome original alemão.

Na Alemanha:

Ben Pon imaginou um veículo leve de carga usando o conjunto mecânico do Fusca na sua parte traseira.

Os primeiros protótipos foram chamados de Tipo 29, com as frentes lineares, porém foram descartadas por prejudicar a aerodinâmica nos testes.

Os primeiros esboços de Pon em sua caderneta foram feitos em 1947, dando origem a um grande sucesso.

Em 1949 a Kombi começou a ser produzida na Alemanha. Tinha carroceria do tipo monobloco (um dos primeiros carros com esta carroceria), suspensão reforçada e motor 1.1 de 25 cv de potência refrigerado a ar.

Antes do seu lançamento oficial, a VW destacou a principal característica do utilitário: com o motorista na parte dianteira e o motor acomodado na traseira, quer vazio ou com carga isso não afetava a distribuição do peso.

A VW destacou também a maior vantagem do utilitário à imprensa: o peso da sua carga útil era colocado entre eixos, o que garantia uma excelente distribuição das massas entre o eixo dianteiro e o eixo traseiro.

Porém, o grande defeito era a estabilidade sofrível, mesmo com alguns ajustes para deixar a suspensão mais firme. O nível do ruído era alto por conta do motor a ar, uma vez que não possuía revestimento acústico.

 

Para as Ruas:

Em 08 de março de 1950, a Kombi saiu pela primeira vez nas ruas, batizada como Transporter – esse estampado em sua carroceria somente em 1990.

Haviam dois modelos: Kastenwagen, furgão com três janelas laterais e bancos removíveis e o Microbus, com três janelas mas ainda com bancos fixos.

Foi em 1952 que o modelo Pick-Up surgiu. Tinha uma ótima área de carga, compartilhamento para volumes um pouco menores entre a caçamba e o piso inferior.

 

 

No Brasil:

Embora a Kombi já estivesse no mercado, em 2 de setembro de 1953 chegou ao Brasil e começou a ser montada pela Brasmotor (futuramente passou a ser chamada de Brastemp).

O modelo era importado em regime CKD (desmontados) e montado em outro galpão, no bairro do Ipiranga.

Com o plano de nacionalizar o veículo, o governo do presidente da época com o grupo GEIA (Grupo Executivo da Industria Automobilística) e a VW, deram início à construção da fábrica em 1956 em São Bernardo do Campo, São Paulo.

Em 1957 a Kombi tinha 50% das peças produzidas no Brasil, porém, a fábrica só iria ser oficialmente inaugurada em 1959.

 

 

 

As modificações:

No início dos anos 60 a Kombi ganhou a versão 6 portas (hoje uma das versões mais raras entre os colecionadores), nas configurações luxo e standard. A partir do segundo semestre, passou a ter transmissão com todas as marchas sincronizadas.

Incorporou algumas mudanças, como o marcador de combustível no painel e o fim das bananinhas de sinalização.

A linha 63 teve mudanças marcantes, como a adoção de mais 2 janelas de cada lado nas laterais e nos curvões traseiros, além de vidro maior na parte traseira.

A Kombi recebeu um novo motor em 1967, mais potente, de 1500 cm3 com 44 cv de potência. Passou a ter seu sistema elétrico de 12 volts e uma barra estabilizadora na suspensão dianteira, para melhor controle.

As rodas passaram de 15 para 14 polegadas.

No mesmo ano chegou a versão Pick-Up, de cabine simples, que já era sucesso em outros países.

No mesmo ano chegou a Kombi lotação, uma estranha versão de seis portas. Ainda existe um exemplar prestado serviços a um hotel em Aguas de Lindoia, São Paulo.

Em 1970, um opcional muito útil para as estrada de terra surgiu. O diferencial travante bloqueava uma roda que estava girando em falso, para transferência de força para a outra roda que tinha contato com solo firme.

O sistema na Kombi era acionado por uma alavanca que ficava embaixo do banco do motorista.

Uma grande mudança diferenciava a Kombi do Brasil de todas as versões do mundo. Em 1976, misturaram um pouco da Kombi europeia com a Kombi vendida no Brasil, nascendo uma versão única.

Nova frente com para-brisa único, portas dianteiras iguais da versão europeia que permitiam abaixar os vidros com manivela. O motor passou a ser 1600 com carburação simples. Houve a introdução de servofreios e a suspensão foi modificada, mais moderna que a do Fusca.

Recebeu “novo” painel, utilizado nos modelos europeus, com novos instrumentos, assim como volante e para-choque.

A carburação simples foi substituída em 1978 pela carburação dupla de série para todos os modelos, além da substituição das cruzetas e caixas de redução nas rodas, para a introdução das juntas homocineticas.

Brasil Anos 80:

Em 1981 a versão Pick-Up cabine dupla e motor a diesel foram as novidades.

O motor era 1600 refrigerado a água, o que levou a Kombi adotar o radiador na parte frontal, com um grade maior “saltando” para frente. Mais tarde surgiram acessórios de proteção para a grade.

Para maior segurança, a Kombi recebeu em 1983 freios à disco nas rodas dianteiras. Outra modificação foi a furação nas rodas, com 5 furos mais centralizados. Além de outras alterações, foram adicionados o cinto de 3 pontos, encosto de cabeça e mudanças na alavanca do freio de estacionamento.

Anos 90:

Durante muitos anos a Kombi permaneceu inalterada, e devido a alteração na legislação de controle de poluentes, em 1992 recebeu um catalisador no sistema de exaustão, para a diminuição de emissão de poluentes.

Outros itens foram adotados por conta da legislação, como para-brisa laminado, para maior segurança em caso de quebra. Alguns itens se tornaram opcionais como desembaçador traseiro, vidros verdes e janelas laterais corrediças.

Cinco anos mais tarde, a mudança que não veio nos anos 70 chega em 1997, finalmente as portas corrediças foram introduzidas na Kombi nacional, assim como vidros laterais e traseiros maiores.

O teto ganhou 11 centímetros inspirada na versão mexicana (1991).

Novamente, devido as mudanças no programa de emissão de poluentes, em 1998 recebeu injeção eletrônica multiponto no motor a ar, o que melhorou a potência, consumo, dirigibilidade e regulagem do motor.

 

Carat:

No mesmo ano foi lançada a versão Carat, que tinha itens exclusivos, como bancos de veludo, interior forrado e 7 lugares, sendo 2 individuais na frente, 2 no meio e 3 no último banco.

A Kombi Carat era chamada de “Kombi de luxo”, porém o modelo durou apenas 2 anos no mercado.

Nos anos 2000 chegou ao fim a edição Kombi Pick-Up.

Serie Prata:

O último ano da Kombi com motor a ar foi em 2005, por não atender as especificações da lei de emissão de poluentes. Em homenagem, a VW lançou a Kombi Série Prata, limitada a 200 unidades, todas na cor prata.

Vinha com vidros verdes e para-brisa degrade, desembaçador traseiro, bancos com forração diferenciada e diversos itens exclusivos.

A VW buscava uma solução para substituir o motor a ar, e em 2006 a solução veio no motor 1.4 refrigerado a água, derivado do motor do Fox/Polo.

50 Anos:

Em 2007 ela completou 50 anos, e a VW lançou uma versão com apenas 50 unidades. Pintura exclusiva branca e vermelha, estilo saia e blusa, além dos diversos itens exclusivos. Vidros verdes, para-brisa degrade, desembaçador, bancos com forração diferenciada, lanternas traseiras fume e janelas basculantes.

A Kombi 50 anos é considerada uma das mais raras verões já lançadas.

Após 56 anos, a Kombi deixa de ser produzida no Brasil. Por conta da obrigatoriedade da instalação de freios ABS e air bag duplo, ela não conseguiu abrigar o air bag de forma adequada, ou com baixos custos, deixando a linha de produção em 2013.

Last Edition :

Para marcar esse momento, a VW lançou a Kombi Last Edition, inicialmente com 600 unidades com produção dobrada para 1200 unidades, todas com número de identificação no painel. Pintura saia-e-blusa azul e branca, traziam itens exclusivos: cortinas nas janelas, pneus com faixa branca e forração listrada nos bancos.

A campanha “Últimos desejos da Kombi” marcou o fim da produção, recebendo 7 prêmios no Festival de Cannes em 2014.

Entre as ações, um site reuniu histórias do público sobre o seu relacionamento com o modelo, com mais de 300 relatos que se tornarão um livro.

Pistas:

Nos Estados Unidos, nas pistas de dragster, apareceram várias Kombis.

Eram equipadas com motores originais “superenvenenados” (Boxer dos Porchers ou adaptados com motor V8). A corrida era em linha reta e rolava muita fumaça nas arrancadas.

Chegou a haver corridas de Kombi no Brasil, na década de 70, tanto no Rio de Janeiro como em Cascavel, no antigo circuito de terra.

 

 

A concorrência:

Nos anos 50 e 60, a Kombi teve diversos concorrentes, dentre eles: Austin J4, Fiat 1.100T, Peugeot D4B, Renault Estafette, e Tempo Matador.

Nos Estados Unidos havia o Chevrolet Covair, além de outras vans do grupo. Porém, os motores dos modelos americanos tinham o consumo elevado, fazendo da nossa querida uma opção isolada.

Já no Brasil, na década de 90, modelos como Furglaine, da Sonnervig, e a Ibiza, da Souza Ramos foram seus concorrentes, mas nenhum deles chegou a ameaçar a Kombi.

Suas Várias Utilidades:

Diversos jornais e revistas vinham em Kombis, assim como outros segmentos que utilizaram a perua: aviação, Correios, imprensa, refrigerantes, exército, entre outros.

Na Europa e nos Estados Unidos, foi utilizada até de motel.

Por seu tamanho, para a polícia parecia o veículo ideal. Cabiam mais detentos e era mais confortável que a Veraneio (GM).

O primeiro veículo escolar no Brasil nas décadas de 60 à 80 foi a Kombi.

Nos dias atuais, é comum vermos food-trucks, principalmente Kombis personalizadas e exclusivas (leia também sobre a Kombi 1.4 Flex). Outra função comum de vermos são os MotorHome.

Seus Apelidos:

Nem mesmo a “Velha senhora” Kombi escapou dos apelidos. Por sua famosa posição de dirigir tão à frente, a frase mais famosa é de que “o para-choque da Kombi é o peito do motorista”.

Já por conta da má estabilidade, tornou famosa a expressão de “Jesus está chamando”, por conta dos capotamentos, enquanto a forma peculiar da carroceria justifica o vulgo “pão-de-forma”.

As duas cores, uma na parte de cima e outra na parte debaixo, nos modelos de 1950 a 60, ficaram conhecidas como “Saia e Blusa”.

Com os modelos de para-brisas divididos produzidos até 1975, ganhou o apelido de Kombi Corujinha, pois os faróis pareciam olhos “arregalados” da ave.

Nem o modelo Pick-Up passou despercebido, é popularmente conhecido como Cabrita, pois a “traseira pulava como uma cabrita quando não tinha carga”.

Hippies:

Nos anos 60 e 70, a Kombi foi adotada pelos hippies, que abandonaram a vida na cidade e foram viver como nômades.

Hoje faz parte de toda uma estética daquela época, pois os hippies faziam obras psicodélicas por todo o veículo, usando cores e desenhos que remetiam à contracultura. Aparece em ilustrações, ensaios fotográficos retrôs, clipes de bandas do revival do rock psicodélico, tatuagens e camisetas.

Supervalorização:

A Kombi deixou de ser um item de colecionador e hoje é alvo de entusiastas e exportadores. Como foram fabricadas (1957-2013) mais de 1,5 milhões de unidades e sem nenhum sucessor, o modelo tem alta procura no mercado de usados.

O Brasil passou a ser uma espécie de fornecedor de Kombi para o exterior, existem empresas especializadas na compra e importação dos exemplares brasileiros para qualquer lugar do planeta.

Continua sendo um veículo muito utilizado para o trabalho, desde transporte de mercadoria, serviços públicos e até loja móvel.

Miniaturas:

Diversos fabricantes de miniaturas de brinquedos já produziram a Kombi. A fabricante Maisto tem nas escalas 1/24 e 1/40, ambas no modelo saia e blusa.

Já a Matchbox dedicava-se à Kombi desde os anos 60. O catalogo de 1964 já tinha o modelo Camper.

A famosa Hot Wheels lançou em 1996 a Kombi dragster, com direito a aerofólio.

E a fábrica brasileira Estrela fez o modelo em ferro na década de 60.

Mesmo com todos os seus defeitos, a Kombi deixou a sua marca. Muitas histórias ocorreram dentro de uma, e por isso se tornou um dos utilitários mais amado por brasileiros e pessoas de todo mundo.

 

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